Paolo Parisi é um sábio no cruzamento de saberes sobre genética, biologia, sociedade, desporto e comportamento. Lecionou, há 40 anos, a cadeira de Genética do comportamento, na universidade da Califórnia. Regressou depois à sua Itália natal, onde foi professor na Faculdade de Medicina de Roma (de que foi reitor, entre 2007 e 2013) e na famosa Sapienza Università di Roma. É fundador da Faculdade das Ciências do Movimento, em Roma. Foi presidente (1999/2005) do European College of Sports Science e fundador e coordenador (2000/2007) do European Master in Health and Physical Activity. Participou, em março deste 2017, no 3º Congresso sobre Envelhecimento Ativo, realizado em Viseu.
Em entrevista ao JZ, Paolo Parisi enfatizou uma mudança fundamental na sociedade, que obriga a enquadrar essa transformação: “Pela primeira vez na história da humanidade, o número de pessoas com mais de 60 anos supera o de pessoas com menos de 20 anos”. Há que saber valorizar esse recurso constituído pelas pessoas acima de 60 anos. E, ao mesmo tempo, evitar que se tornem “um peso demasiado pesado para a segurança social, através do problemas de saúde”.
É evidente para todos que o envelhecimento, “a começar pelos genes, pelas estruturas celulares, pela homeostase e pelos mecanismos de interação fisiológica e de reação imunológica, acarretando todo o sistema de defesas do organismo aumenta o risco de problemas de saúde”. Paolo Parisi reconhece que todos esses fatores “não podem ser anulados, mas podem ser atenuados, é uma questão de ajustar estilos de vida”. Este perito nota que o quadro varia de pessoa para pessoa, mas, “sem ser preciso praticar desporto, a vida ativa física e mentalmente é determinante”.
CAMINHAR FAZ BEM
O professor Parisi reforça que “caminhar, em especial no campo, na natureza é um excelente caminho para o bom, suave, envelhecimento”, sem deixar de notar que tudo deve ser feito com bom senso, passo a passo e passando pelos necessários controlos médicos regulares”. O bom senso deve ser a regra. Os cuidados alimentares também contam muito, mas “o caminho não passa por derretas terríveis, com privação disto e daquilo, o que importa é comer com moderação, evitar o demasiado, tal como evitar o excesso de álcool”. O fumo, claro, fica proscrito.
Uma recomendação deixada por Paolo Parisi: “Escolher comer muito pouco num dos dias da semana é algo que faz muito bem: dá-se um choque no organismo, obrigamo-lo a reagir, levamo-lo a recorrer às reservas armazenada, isso faz bem”.
Mas a insistência do professor Parisi vai para o exercício: “Não se trata de puxar pelo queimar as gorduras, não é isso, o que importa é manter o organismo em atividade”.
O bem-estar também passa pelo culto do bom humor. Conclusão de Paolo Parisi: “É preciso evitar a depressão com os problemas da vida, as sensações de bem-estar fazem bem”.